Antes de existir um adulto, há uma criança. E se, por vezes, aos adultos é difícil ensinar-lhes certas coisas, a uma criança é ainda mais difícil.
Estes dias tenho-me deparado com as birras da minha sobrinha de 3 anos, ou 4 anos, segundo o que ela diz a toda a gente quando lhe perguntam a idade. Para além de estar na idade dos porquês (why? why? why?) está na idade de adquirir boas maneiras. Ensinar uma criança de 3 anos a dizer Boa Noite às pessoas ou, simplesmente, ensinar-lhe que as coisas não podem ser como ela quer que sejam é difícil. Aliás, muito difícil. Se nem aos pais ela respeita ainda muito, porque também eles estão a tentar dar-se ao respeito, quanto mais a mim…
A semana passada tive de elevar um bocado o volume da minha voz à minha sobrinha, coisa que raramente faço. Depois começou a chorar, porque é extremamente sensível como a Titi dela e chora por tudo e por nada, basta elevarem o volume da voz quando falam para ela. Tive pena dela e de a ver chorar, mas mantive a minha postura até ao fim. Depois, ficou tudo bem. Claro que quis ir fazer queixinhas ao pai dela, como faz queixinhas à mãe quando o pai se zanga com ela, na tentativa desesperada de um salvador, porque ainda acredita que ela e os comportamentos e atitudes que têm são os correctos.
É nestes momentos que tenho a certeza de que não quero ter filhos já e de que as minhas prioridades ainda não passam por dar à luz uma criança e educá-la. É que, parecendo que não, dá algum trabalho. E não estou a falar apenas de ensinar que se deve pedir para fazer xixi ou cócó na casa de banho quando se tem vontade ou de que não se devem atirar as coisas para o chão. Estou a falar daquelas birras que as crianças, como a minha sobrinha, Touro de signo, fazem por lhes estarem a contrariar. Choro, a tender para o grito, mais conhecido por pretend crying cá em casa, durante 4 minutos; intercalados por chamamentos como papi ou mami ;acompanhados de espernear das pernas, pulos no sofá ou imediato contacto com a superfície terrestre; e contactos corporais com outras pessoas que não sejam os seus progenitores.
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