quinta-feira, julho 30, 2009

A palma e a mão

Gastei mais que as palavras
em sonhos que eram teus
e do pó que pisavas fiz estradas e céus
Inventei ventos e ruas fiz-me louco nos teus braços
e das minhas frases nuas no teu corpo escrevi laços
E se partires de manhã deixa a sombra e o chão
esta noite eu e tu somos a Palma e a Mão
E no nome que te dei
tu já tens onde acordar
amanhã eu não sei
quem te vai abraçar
e então voltas do nada
sem pecado ou perdão
esta noite eu e tu somos a Palma e a mão
vem de longe o teu caminho
e em mim faz sempre Verão
esta noite eu e tu somos mais do que a razão
eu sou um mundo sozinho
por isso é fácil dizeres não
volta para mim esta noite para sermos a Palma e a Mão

João Pedro Pais - A palma e a mão

terça-feira, julho 28, 2009

Acordar

Esta noite sonhei que te perdia. Sonhei que apanhavas um avião só de ida para um qualquer lugar onde eu não te podia encontrar. Ías porque estavas farto, porque o plano que tinhas para mim não se coadunava com o plano que eu tinha para ti.
Hoje sonhei que te perdia e que tudo o que até alí tinhamos vivido tinha ficado para trás, numa outra folha de uma página da tua vida, numa outra folha de um dos teus desenhos, nem sequer no baú do teu passado.
Esta noite perdi-te para sempre, pois tu nunca chegaste a voltar. E quando debaixo dos meus lençóis acordei, não te senti. Quando abri os olhos, não te vi. Quando me virei na cama, não estavas lá.
Esta manhã acordei de um sonho em que te tinha perdido quando eu, na realidade, nunca te tive e tu, até agora, nunca estiveste cá.

segunda-feira, julho 27, 2009

Incerteza

Esta noite é mais uma noite. É apenas mais uma noite, mais uma das muitas noites...
Gosto e não gosto.
Acredito e não acredito.
Apetece-me e não me apetece.
Quero e não quero.
Sei e não sei.
Sim ou Não.
Vou ou Fico.
Parto ou arranjo.
Caio ou Levanto-me.
Digo ou não digo.
Choro ou riu.
Faço ou não faço.
Beijo ou não beijo.
Fodo ou não fodo.
Uso ou não uso.
Vejo ou não vejo.
Sinto ou não sinto.
Ouço ou não ouço.
Chamo ou fico calada.
Amo ou odeio.
"Eu sou um mundo sozinho por isso é fácil dizeres não.
Volta para mim esta noite para sermos a palma e a mão."

A fé dos Homens

Nos dias que correm fala-se mais em divórcios do que em casamentos. Os casais separam-se muito mais do que casam e por isso ouvimos dizer que o casamento já não é para toda a vida. Salvam-nos as pessoas mais velhas que, para além de nos mostrarem que o casamento ainda é para toda a vida mostram-nos, também, a paciência que uma mulher tem de ter para aturar um homem durante 40 ou 50 anos.
- 'Filha, tu não cases! Os homens só dão chatices. Se eu soubesse o que sei hoje...'
É a fé que têm em que nós não nos iremos casar. É a sabedoria dos 60 ou dos 70 anos... Depois de terem namorado às escondidas, depois de terem estado enamoradas, depois de se terem casado, depois de terem tido filhos, depois de terem conseguido conciliar o trabalho com a lide doméstica, depois de já serem avós, depois de terem estado, os últimos 40 ou 50 anos, a cozinhar para os maridos para que eles tivessem o comer ao meio-dia em ponto. Graças a Deus que, hoje em dia, as filhas já não são tanto assim e as netas...bem! Essas muito menos o serão!
É verdade que o casamento pode não ser para toda a vida mas é verdade também que ainda há pessoas que se casam. Irmos ao casamento da nossa amiga é reconhecermos a coragem que ela teve para se 'enforcar' ainda mais do que já andava enforcada. Vestidos de noiva, bolos de três e quatro andares com o casalinho no topo, as mesas de doces, de frutas, de entradas... as Quintas onde são as Bodas, as 1001 fotografias que se tiram, o bouquêt que é atirado e as roupas dos pais dos noivos e dos padrinhos e madrinhas! O casamento continua a ser um dia de alegria. Se a alegria se repercute nos anos seguintes, isso já são outras conversas.
O casamento dos outros faz-nos pensar em nós próprios. O momento do 'Pode beijar a noiva' em que olhamos, ou não, para o lado, para o nosso companheiro ou, então, para os outros casais que estão na igreja e que ainda são solteiros. Topa-se à distância, tal e qual momento do Grey's Anatomy season 5.
O casamento faz-me pensar na fé dos Homens. Na fé das pessoas para as relações com o outro, para o compromisso. Faz-me pensar que aquelas pessoas ainda acreditam em amores para toda a vida, apesar de tudo, que ainda acreditam que a pessoa que têm ao lado delas é aquela com quem querem ter filhos e envelhecer. É a fé das relações, talvez a mesma fé que têm para com um Deus, para com alguém que sabem ser superior a eles. É a fé que os faz quererem ser abençoados. E a fé, e a fé move e moverá sempre montanhas!

quinta-feira, julho 23, 2009

Boy or man

Há homens que não são verdadeiramente homens. São homens apenas no sexo (o masculino) pois preferem continuar a ser os eternos rapazes. Há uma grande diferença entre um homem e um rapaz. E se, em inglês, ao contrário da palavra saudade, tudo soa muito melhor (inclusive o i love you ao invés do eu amo-te), esta não é excepção: 'there is a difference between a man and a boy'.
Os homens e os rapazes (man and boys se preferirem) não se distinguem pela idade. Lá por um ter 26 anos, não significa que seja mais homem do que um de 18 ou menos homem do que um de 30 anos. Há quem tenha 30 anos que continue a ser um eterno rapaz e quem tenha 18 anos e seja já um homem feito.
Costuma dizer-se que os homens são de Júpiter e as mulheres de Saturno. Enganam-se. Os homens são de luas (ou direi os rapazes? ou generalizarei e direi o sexo masculino?) e as mulheres da Terra por terem de gramar sempre com o amor que sentem por eles, quer eles estejam por perto quer não saibam nada deles. Mas os homens são homens quando a sua capacidade comunicativa não é ditada por luas, novas ou cheias, quartos-crescentes ou minguantes. Os homens são homens quando não dão a desculpa de que o telemóvel está avariado para que o seu harén de mulheres não os persiga e estrague uma qualquer relação ultra-sensorial, das muitas relações que estabelecem. São homens quando não vêem com marcas de um batôn ou de um perfume que não é o nosso.
Os homens são homens quando se preocupam connosco e não nos vêem como mais um triunfo ou mais uma conquista para adicionarem à sua lista infindável de nomes. Os homens são homens quando nos mandam mensagens a perguntar como estamos, quando nos telefonam, quando não se esquecem que existimos e não se lembram de nós apenas no virar de uma outra lua.
Os homens são homens quando não nos mentem directamente e não se cobrem uns aos outros. São homens quando nos aumentam a auto-estima e nos amam incondicionalmente, de dia e de noite, aos dias de semana e aos fins-de-semana. Quando nos esperam em casa, depois de um dia de trabalho, com o jantar feito e a mesa posta, um beijo à chegada e um copo de vinho, são homens. São homens quando se preocupam connosco...
E, depois disto, ainda acha que o homem que está ao seu lado é um homem? Ou é simplesmente um rapaz que precisa de crescer?

segunda-feira, julho 20, 2009

Só de Ida

No outro dia li que "Há uma hora de partida mesmo quando não há lugar certo para ir..."
Não me lembro quem foi a pessoa que o disse, mas estava certa. Na nossa vida, há alturas e horas em que temos de partir, em que temos de deixar para trás aquilo que sabemos que nos faz sofrer, aquilo que nos consome as 24 horas do dia. Há horas na nossa vida em que temos de dizer adeus às coisas que nos consomem mais lágrimas do que propriamente sorrisos. Há horas da nossa vida em que, por mais que não queiramos, temos de dizer adeus. Somos obrigadas a fazê-lo, pelo nosso bem, pela nossa condição feminina, pela nossa condição humana, pelo respeito que ainda reside em nós próprias. É terrível isto acontecer quando estamos apaixonadas ou quando já estamos de tal modo envoltas naquele embrulho que não nos queremos desprender dele, quando nós, talvez, nunca chegámos a ser uma prenda, pelo menos não para o embrulho.
Há horas da nossa vida em que temos de comprar um bilhete de avião, mas um bilhete só de ida. Um bilhete de ida que nos leve para bem longe de um sítio que é, de todo, o sítio que sempre sonhámos estar. Quantas vezes esperamos até à última hora, até ao último dia, até à hora em que sabemos que o avião está quase a partir para comprarmos o bilhete? Quantas? Tantas... Há sempre aquela esperança, a esperança de que não vamos precisar dele... A esperança, a arma mais potente e também mais mortífera que inventaram com o ser humano.
Há horas da nossa vida em que não temos rumo, não temos lugar certo para ir. Na realidade, só depois de partirmos e de lá estarmos é que sabemos se o lugar para onde vamos é certo. Só depois.
Há horas da nossa vida em que temos de dizer NÃO! BASTA! e SIM! Sim àquilo que não é aquilo que estamos a viver. Por mais que o caminho seja árido, por mais que seja incerto, por mais que nos sintamos sozinhas, por mais que o dia teime em amanhecer...
O amor é quase como um avião num aeroporto. Há alturas que parte e há alturas que chega. Há alturas em que vai cheio e, outras, em que vai quase vazio. Cheios ou vazios, partindo ou chegando, a verdade é que há sempre bilhetes quer sejam Só de Ida, quer sejam de Ida e Volta.

terça-feira, julho 14, 2009

domingo, julho 12, 2009

Pensar antes de agir

Há momentos da nossa vida em que não sabemos o que fazer, em que não sabemos que caminho tomar. Nestes momentos, paramos. Paramos para pensar seriamente no próximo passo, para pensar nos prós e nos contras, para pensar no que vamos ganhar mas, também, no que podemos perder. Usamos a balança e os dois pratos que nela existem.

Há momentos da nossa vida em que os dias parecem correr, o tempo parece passar e nada muda. Ao nosso pensamento não emana nenhuma decisão. E nós continuamos a querer pensar para não agirmos em vão, para não nos arrependermos, mais tarde, de decisões tomadas no calor do momento e pela pressão com que nos exigem que as tomemos.

Há momentos da nossa vida em que nós, apesar de sabermos que aquilo que queremos não tem futuro, não nos queremos desprender dessas mesmas coisas. O mesmo acontece com as pessoas…

Tomar decisões é difícil. Mudar de vida é difícil. Ter a capacidade de dizer que Sim a algo que queremos e dizer Não àquilo que também queremos, é difícil. Ter a capacidade de colocar a nossa vida profissional à frente da nossa vida pessoal e amorosa e do que sonhámos viver, é difícil.

Gosto de tomar decisões em vão, é verdade. Sempre gostei, mas acho que isso fazia parte de uma juventude. Hoje sou, mais do que nunca fui, confrontada com o sentido de responsabilidade, com o sentido de tomada de decisão. Sou confrontada com a minha completa autonomia para saber aquilo que quero e o que não quero, para pensar no futuro e dizer, hoje, ‘isto não me faz feliz’ ou ‘isto faz-me feliz’.

Tenho 21 anos e acho que nunca fui tão adulta como o sou agora. Dou por mim a dar conselhos a uma amiga minha de 11 anos sobre as saídas nocturnas e os jovens de hoje. E ela, com a sua ainda inexperiência de uma adolescência que está prestes a ser vivida diz-me “pareces uma velha a falar quando dizes ‘eu já tive a tua idade’”. É verdade! Pareço uma velha porque sou mais velha do que ela, porque já vivi mais coisas na minha vida do que ela. Hoje, compreendi o que ela quis dizer com o “pareces uma velha”… Foi o mesmo que dizer-me que eu já era uma adulta, não tanto como a mãe dela, mas já falava como a mãe…

Há momentos da nossa vida em que, quando não sabemos o que fazer, nem que passo ou caminho tomar, não é por querermos deixar que as coisas corram e fluam ao natural. É simplesmente porque somos adultos e, como todos os adultos, pensamos antes de agir.

terça-feira, julho 07, 2009

Now or Never

Did you say it? 'I love you. I don't ever want to live without you. You changed my life.'

Did you say it?

Make a plan. Set a goal. Work toward it, but every now and then, look around; Drink it in 'cause this is it. It might all be gone tomorrow.

quarta-feira, julho 01, 2009

Fácil ou Difícil?

Há mulheres que facilmente se apaixonam. Que se apaixonam pelo rapaz mais giro da escola e, mais tarde, pelo homem mais bem parecido do sítio onde trabalham. Invejo-as pela capacidade que têm em se apaixonar por quem quer que seja mais do que as invejo por quem se apaixonam.  O rapaz mais giro da escola é, muitas vezes, mais tarde, de longe o homem mais bem parecido. O rapaz mais giro da escola é aquele homem meio careca meio cabeludo, com barriga de cerveja e com um look que ele considera fashion, o mesmo look que tinha quando andava na escola.

Há mulheres que se apaixonaram pelos rapazes mais giros da escola e hoje são felizes com o homem meio careca meio cabeludo, com barriga de cerveja e completamente ultrapassado na moda. E acredito que estas mulheres continuem a ver nestes homens a mesma beleza que viam quando eles ainda eram rapazes. Na realidade, o amor tem destas coisas…

Os homens mais bem parecidos do sítio onde se trabalha nem sempre foram assim: cobiçados pelas mulheres, com uma capacidade inata de sedução, adeptos da moda e metrossexuais da ponta dos cabelos à ponta da unha do pé. Eles eram, talvez, aqueles rapazes que na escola ninguém reparava, por quem todos passavam e a quem nunca ninguém via. Aqueles que usaram aparelho, que talvez foram obesos, que não jogavam à bola com meninos famosos porque eles não os queriam no grupo. Ao invés disso, jogavam talvez à apanhada com as raparigas, ao berlinde ou então ficavam encostados à parede ou sentados num banco a verem os outros jogar. Acredito que poucas raparigas se apaixonem por estes rapazes. Algumas nem os vêem, não sabem os nomes deles enquanto eles, escrevem e seguem todos os passos delas. Na verdade, o amor tem destas coisas…

O amor tem disto, de nos apaixonarmos facilmente, de continuarmos facilmente apaixonados e de querermos, com facilidade, continuar a estar apaixonados. Mas o amor também tem dificuldade. A dificuldade de tentarmos dia-após-dia que não nos apaixonemos, a dificuldade de manter uma paixão acesa. Será então o amor fácil? Não! O amor não é fácil nem difícil. As pessoas que se apaixonam é que o são: fáceis ou difíceis e, mediante o que são, assim tornam as suas relações.