No outro dia li que "Há uma hora de partida mesmo quando não há lugar certo para ir..."
Não me lembro quem foi a pessoa que o disse, mas estava certa. Na nossa vida, há alturas e horas em que temos de partir, em que temos de deixar para trás aquilo que sabemos que nos faz sofrer, aquilo que nos consome as 24 horas do dia. Há horas na nossa vida em que temos de dizer adeus às coisas que nos consomem mais lágrimas do que propriamente sorrisos. Há horas da nossa vida em que, por mais que não queiramos, temos de dizer adeus. Somos obrigadas a fazê-lo, pelo nosso bem, pela nossa condição feminina, pela nossa condição humana, pelo respeito que ainda reside em nós próprias. É terrível isto acontecer quando estamos apaixonadas ou quando já estamos de tal modo envoltas naquele embrulho que não nos queremos desprender dele, quando nós, talvez, nunca chegámos a ser uma prenda, pelo menos não para o embrulho.
Há horas da nossa vida em que temos de comprar um bilhete de avião, mas um bilhete só de ida. Um bilhete de ida que nos leve para bem longe de um sítio que é, de todo, o sítio que sempre sonhámos estar. Quantas vezes esperamos até à última hora, até ao último dia, até à hora em que sabemos que o avião está quase a partir para comprarmos o bilhete? Quantas? Tantas... Há sempre aquela esperança, a esperança de que não vamos precisar dele... A esperança, a arma mais potente e também mais mortífera que inventaram com o ser humano.
Há horas da nossa vida em que não temos rumo, não temos lugar certo para ir. Na realidade, só depois de partirmos e de lá estarmos é que sabemos se o lugar para onde vamos é certo. Só depois.
Há horas da nossa vida em que temos de dizer NÃO! BASTA! e SIM! Sim àquilo que não é aquilo que estamos a viver. Por mais que o caminho seja árido, por mais que seja incerto, por mais que nos sintamos sozinhas, por mais que o dia teime em amanhecer...
O amor é quase como um avião num aeroporto. Há alturas que parte e há alturas que chega. Há alturas em que vai cheio e, outras, em que vai quase vazio. Cheios ou vazios, partindo ou chegando, a verdade é que há sempre bilhetes quer sejam Só de Ida, quer sejam de Ida e Volta.
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