Há mulheres que facilmente se apaixonam. Que se apaixonam pelo rapaz mais giro da escola e, mais tarde, pelo homem mais bem parecido do sítio onde trabalham. Invejo-as pela capacidade que têm em se apaixonar por quem quer que seja mais do que as invejo por quem se apaixonam. O rapaz mais giro da escola é, muitas vezes, mais tarde, de longe o homem mais bem parecido. O rapaz mais giro da escola é aquele homem meio careca meio cabeludo, com barriga de cerveja e com um look que ele considera fashion, o mesmo look que tinha quando andava na escola.
Há mulheres que se apaixonaram pelos rapazes mais giros da escola e hoje são felizes com o homem meio careca meio cabeludo, com barriga de cerveja e completamente ultrapassado na moda. E acredito que estas mulheres continuem a ver nestes homens a mesma beleza que viam quando eles ainda eram rapazes. Na realidade, o amor tem destas coisas…
Os homens mais bem parecidos do sítio onde se trabalha nem sempre foram assim: cobiçados pelas mulheres, com uma capacidade inata de sedução, adeptos da moda e metrossexuais da ponta dos cabelos à ponta da unha do pé. Eles eram, talvez, aqueles rapazes que na escola ninguém reparava, por quem todos passavam e a quem nunca ninguém via. Aqueles que usaram aparelho, que talvez foram obesos, que não jogavam à bola com meninos famosos porque eles não os queriam no grupo. Ao invés disso, jogavam talvez à apanhada com as raparigas, ao berlinde ou então ficavam encostados à parede ou sentados num banco a verem os outros jogar. Acredito que poucas raparigas se apaixonem por estes rapazes. Algumas nem os vêem, não sabem os nomes deles enquanto eles, escrevem e seguem todos os passos delas. Na verdade, o amor tem destas coisas…
O amor tem disto, de nos apaixonarmos facilmente, de continuarmos facilmente apaixonados e de querermos, com facilidade, continuar a estar apaixonados. Mas o amor também tem dificuldade. A dificuldade de tentarmos dia-após-dia que não nos apaixonemos, a dificuldade de manter uma paixão acesa. Será então o amor fácil? Não! O amor não é fácil nem difícil. As pessoas que se apaixonam é que o são: fáceis ou difíceis e, mediante o que são, assim tornam as suas relações.
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