sábado, agosto 29, 2009

Falta tempo

SEMPRE achei que as lágrimas nunca secassem quando gostamos de alguém e essa pessoa nos deixa, mas descobri que estava errada. As pessoas deixam-nos, as lágrimas rolam mas, mais dia ou menos dia acabam por secar. Já não se chora compulsivamente. Já não caem lágrimas quando, simplesmente, pensamos nessa pessoa.
O Domingos Amaral escreveu um livro que se chama Já ninguém morre de amor e eu acho que é verdade. Morria-se, agora já não se morre. Chora-se, sofre-se, mas a vida segue em frente. Aliás, a vida tem sempre de seguir em frente. Os Homens e as Mulheres de hoje já não perdem tempo com os amores de Hoje que não dão certo, pois sabem que Amanhã há um novo amor que pode espreitar por entre a esquina de uma qualquer rua pela qual se passa, de um qualquer caminho por onde se anda.
DISSE-TE que esperava que me dissesses algo, que simplesmente me dissesses quando e eu ía. Não te falei mais, fora um mero olá que nunca faz mal a ninguém e que, mesmo se não for correspondido, eu sempre achei que relembra ao outro que ainda cá estamos e que ainda nos lembramos. Foi isso que fiz contigo. Tu, nada.
ONTEM fiz um esforço enorme para não me lembrar de ti, para não pensar em ti, fora quando estava na parte detrás de um carro, encostada num ombro amigo, a falar de ti e a percorrer as ruas de Lisboa à procura de um lugar vazio para estacionar o carro no Bairro Alto. Depois, depois tentei esquecer-te e, acho que consegui. Não te procurei pelas ruas do Bairro, não pensei sequer que te poderia encontrar. Como podia se tu foste embora? Se tu viraste costas e disseste que tinhamos de acabar?
Ontem não te procurei, mas também não procurei ninguém porque és tu e a recordação de ti e de nós que ainda preenchem o vazio que sinto nas noites. É a tua existência em mim que me faz sentir a tua falta.
HOJE disseste-me olá e eu não respondi. Não estava. E as lágrimas, por ti, afinal ainda não secaram...Falta tempo.

domingo, agosto 23, 2009

Não te compreendo. Não te compreendo quando me disseste que estavas a trair os teus sentimentos. Perguntás-me se te entendia, se percebia que era melhor pôr um ponto final agora do que mais tarde, mas não, eu não consigo entender. Não consigo compreender. E, por mais que tente, no meu pensamento e no meu coração, nas memórias que guardo de nós, lembro-me das tuas palavras, dos teus gestos. Lembro-me de ti e, não, ainda não consigo compreender, ainda não consigo perceber.

Vou ficar à espera que, como sempre desde o dia em que te conheci, arranjes um pedaço de tempo na tua agenda para mim para nos encontrarmos e falarmos. Sou-te sincera quando digo que me surpreendeste. Mais uma vez, depois de quase meio ano, conseguiste. Surpreendeste-me quando disseste que merecíamos os dois acabar o que existia entre nós numa conversa cara a cara, corpo a corpo. Também concordo. Ainda há muito para eu perceber, nem que para isso tenhas de me magoar mais do que eu já estou magoada. 'Eu sei o que estás a sentir' foi o que me disseste... Será que realmente sabes?

Ainda há muito para eu dizer porque, apesar das maravilhas da internet, ela não é fantástica o suficiente para te fazer compreender o quanto gosto de ti e o quanto mudaste a minha vida desde aquela noite de Outubro. Por isto, vou ficar à espera, à espera que arranjes um espaço para mim, uma espera que eu peço que não demore muito. Afinal, cada tempo tem as suas próprias palavras.

Ver-te, mais uma vez, nem que seja a última, é ter a certeza de que me fazes e farás falta. Ver-te, mais uma vez, é relembrar os momentos que passámos juntos e os quais eu nunca esqueci de viver, de os sentir intensamento e de os recordar, segundo a segundo, quando já não estávamos juntos. Eu sabia que qualquer uma daquelas vezes podia ser a última.

Se isto é um Adeus? Da minha parte nunca o será. É, ao invés desta palavra que eu sempre detestei, um Volto já ou um Até já. E agora? Agora não há lugar para arrependimentos. Aliás, não me arrependo de nada neste quase meio ano. Não me arrependo de ter olhado para ti mais do que uma vez, não me arrependo da nossa troca de olhares naquela noite, não me arrependo de te ter chamado para junto de mim. Não me arrependo de te ter conhecido e de termos ficado aqueles minutos a conversar. Nem sequer me arrependo de me ter de vir embora a seguir e de não estar vestida para matar. Não me arrependo de quando nos voltamos a encontrar em Dezembro, de quando fomos ao café. Não me arrependo de te ter permitido invadir a minha bolha actimel quando te sentaste junto a mim. Não me arrependo das mensagens que te mandei, nem daquelas que não cheguei a mandar (Acho que foram mais as que mandei do que aquelas que deixei por mandar!). De nós, não me arrependo dos gestos, das palavras, do toque. De um modo geral, não me arrependo de nada.
Antes de tu apareceres tinha-me arrependido de muita coisa no meu Passado, mas tinha aprendido com o erro. Não voltaria a cometer o mesmo erro duas vezes, não contigo.
Agora sei que tenho que viver, sobrevivendo. Parte de mim vai contigo e uma parte de ti fica comigo, disso tenho a certeza. O futuro, nenhum de nós o sabe. Talvez os nossos caminhos se encontrem outra vez, nem que seja noutra vida.

E, apesar de tudo, uma coisa é certa, as pessoas aparecem na nossa vida e saem dela por algum motivo. Porque razão apareceste, isso eu já sei.

quarta-feira, agosto 19, 2009

FOI alí que te conheci. Alí, naquele pedaço da Lisboa que quase se debruça sobre o Tejo. Foi alí, onde sexo e drogas são um só que te vi pela primeira vez. Naquele momento em que, na escuridão nocturna cruzámos o olhar jurei ter visto uma luz. Foi a luz de qualquer estrela que reflectiu em ti. Ainda hoje não esqueço. Ainda hoje, não consigo esquecer aquele derradeiro momento em que, trocámos um olhar, a luz te encadeou e tu continuaste em frente. Naquele momento percebi que estaria a deixar escapar uma oportunidade e não pensei. Hoje, sei que não pensei quando aquelas palavras sairam do meu coração. E, aí vieste, voltaste para trás. Saíste do teu caminho e vieste ter comigo, vieste ao meu encontro.

GUARDO, na memória, como se ainda vivesse hoje, os momentos que trocámos palavras naquela rua do Bairro Alto. Eu já era tua depois de me teres dito Olá. Guardo aquele teu olhar que entra pela alma de quem olhas, sem pedir permissão, sem regras. Guardo, ainda hoje, o teu sorriso que, por momentos, faz-nos esquecer tudo o resto que está à nossa volta e nos faz pensar que descobrimos um outro prazer na vida. Tu tens este dom. Tens a capacidade de me fazer esquecer tudo o resto e ficar, apenas, absorta pelo teu olhar, pelo teu sorriso, pelas tuas palavras, pelos teus gestos e pelo teu corpo. Tens a capacidade de me fazer esquecer os meus problemas e de reavivar, entre as profundezas deste meu oceano, o amor que ainda posso sentir por alguém. Tu, tens a capacidade de me fazer sentir feliz.

QUANDO estou contigo nada mais importa para além de nós dois. Tudo o resto são meras coisas, meras coisas materiais. Quando estou contigo preciso de sentir o teu abraço, sentir que estás lá. Preciso dizer-te o quanto significas para mim, a importância que tens na minha vida e, que, sem ti já não sou a mesma pessoa. Quando estou contigo, percorre em mim esta vontade súbita de te pedir para não ires embora, não agora, não já. Dá-me esta vontade de te pedir para ficares comigo, mesmo com os teus defeitos que tu já os consideras feitios.

MAS, depois, depois tu simplesmente desapareces. E eu, eu continuo sempre cá... Até quando?

sexta-feira, agosto 14, 2009

She Zebra

Numa altura de animais, de Savanas e de muito calor, esta noite é noite de encarnar uma Zebra.

The name "zebra" comes from the Old Portuguese word zevra which means "wild ass".

P.S.: Gosto especialmente da parte "Wild Ass" ahahaha

quarta-feira, agosto 12, 2009

domingo, agosto 09, 2009

Raíz do Passado

Ele tem a beleza dos seus altivos anos, a sabedoria de mais de meio século. É, talvez, o homem mais inteligente e sabedor que eu alguma vez conheci e, provavelmente, alguma vez irei conhecer.
Ele é a pessoa que eu conheci ontem, que me viu apenas há quase 22 anos, quando eu ainda vivia na imaginação. Mas, ontem quando o vi caminhar até mim e lhe disse 'avô', ele abriu os braços e eu deixei-me ir. Afinal, parecia que já nos tinhamos conhecido antes.
Ele é a inteligência o seu ponto mais alto, que fala recitando poesia e que recorda os tempos do passado, como se estivesse a contar uma história de amor.
Ele é o homem que guarda num pequeno papel que tem no seu bolso da camisa, juntamente com uma caneta, os números de telefone das pessoas que o visitam. A letra sempre bonita, desde que me lembro de a ver escrita nas cartas, talvez a mesma letra com que escrevia nos medicamentos que receitava às pessoas. Farmacologia como o próprio disse. 'Era enfermeiro e também fazia a parte de farmacologia', por isso tem a capacidade de recitar os princípios activos dos medicamentos e falar de saúde e dos seus termos técnicos como quem conta uma anedota.
Ele era o maior, e acho que continua a sê-lo. O maior por ser enfermeiro e farmacêutico ao mesmo tempo, o maior entre as mulheres, o maior por toda a gente o conhecer, o maior, até mesmo no meu mundo.
Ele é meigo, é atencioso. É um homem que, pelos seus 38 filhos (e cerca de 80 netos) e tantas mulheres, sabe sempre o que nós, mulheres, embora com as nossas particularidades, queremos. Mulherengo? Sim, muito. Ou não fosse ele enraizadamente africano!
- Era verdade que a avó Lídia era uma mulher muito bonita na altura? - perguntei.
- Sim... era muito bonita... - Disse ele, lembrando talvez, aqueles tempos, e guardando, para ele, todas as palavras que poderiam traduzir a beleza da minha avó.
Manual do Sacramento Sousa e Óscar Sacramento Sousa foram os homens que vieram antes dele, filhos da terra, colonizada por Brasileiros, por Angolanos, por Guineenses, por Portugueses, por Ingleses. Filhos da terra onde todos paravam. Filhos do mundo. Tetra e bisavôs paternos.
Ele é o meu avô e, nele, vejo a história do Passado. Vejo a influência Brasileira, vejo a influência Africana, vejo, especialmente a minha raíz São Tomense, a jóia de África do Equador. Nele vejo a história do próprio Continente, a história dos escravos, a história da independência, a história dos amores interculturais. Nele, vejo a minha própria história.
Ele é o meu avô e eu puderia ter ficado alí, a fazer-lhe 1001 perguntas e a ouvi-lo contar as suas histórias. Mas, de tantas perguntas por fazer, poucas eram aquelas que me afluíam ao pensamento. Ele, puderia continuar ali a falar e eu, continuaria e continuarei sempre fascinada com aquele homem que conheci ontem e que se sentou a meu lado.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Menina fantástica

Nos meus 21 anos há quem me considere uma mulher. Outros continuam a chamar-me menina. Os vizinhos, pessoas mais velhas, preferem chamar-me menina. Aliás, para eles, dos seus altivos 80 e 90 anos eu sou exactamente isso: uma menina.
No outro dia aprendi que não só as pessoas mais velhas me gostam de chamar de menina.
Ele chamou-me 'menina', 'menina fantástica', okey, mas 'menina'. Na altura percebi que, para ele, a diferença de 4 anos de idade e o facto de eu ser mais nova estava na razão desse adjectivo - menina. Menina por ser mais nova e, talvez por ser frágil. Menina por ser querida e não parvinha (que me confessou, antes de me dar um beijo no ombro e passar a mão dele pelo meu braço em tom de carinho). Menina ainda, por demorar tempo a despachar-me.
Hoje quando estava a ler o livro do Miguel Sousa Tavares, No teu deserto, percebi o que ele queria dizer quando me chamou menina. É quase como se lhe avivasse o espírito, como se fosse uma fonte de luz e de ar puro. É como se ele me achasse frágil, desamparada e me quisesse abraçar, me quisesse proteger. A 'menina fantástica' é a combinação perfeita da menina-mulher. Menina, pelo que já disse, com o particular acréscimo que é mulher, que sabe sê-lo e que, acima de tudo, sabe como conquistar e prender um homem. A 'menina fantástica' é a Marylin Monroe de outros tempos, com a sua cara de menina, a sua meiguice e ingenuidade num corpo de curvas de mulher.
Afinal, qual é o homem que nunca sonhou com uma Marylin Monroe?

quinta-feira, agosto 06, 2009

segunda-feira, agosto 03, 2009

Um bom amante

O AMOR não é para os Parvos, como dizia o Sr. Manuel Jorge Marmelo. Prefiro antes dizer que o amor é para os amantes, para quem estiver disposto a um compromisso diário, a uma outra profissão a tempo inteiro para além da que já tem, ou até mesmo para quem estiver desempregado. O amor e as relações são isto mesmo: profissões a full-time com contratos a tempo indeterminado. O ordenado ao final do dia, ao final do mês ou ao final de um ano depende daquilo que trabalhámos, do nosso empenho, da nossa vontade em manter aquele emprego.Não temos hora para entrar nem temos hora para sair. Não temos férias nem subsídios destas ou de Natal. Não temos também, direito a feriados.

GOSTO de pensar que o amor é isto. Aliás, quero mesmo pensar e acreditar que assim o é para não cair na monotonia de uma relação onde não acontece nada, no passa nada como dizem os espanhóis, onde não aquece nem arrefece como dizemos nós, Portugueses. Tudo está igual a ontem e será igual amanhã, salvo a excepção de algumas discussões.

A VERDADE é que é preciso ser diferente. É preciso saber marcar a diferença neste nosso emprego, tal como nos outros. Aqui, aplica-se quase o mesmo que se aplicam nos outros: puxar da nossa capacidade criativa para subir de escalão ou ter um aumento monetário.
A criatividade reside, então, onde reside o nosso amor. Ela está nos jogos eróticos que a nossa cabeça tem a capacidade de criar, assim como na capacidade que temos para surpreendermos a pessoa que está ao nosso lado e fazê-la dizer que nos ama. A criatividade está, também, na capacidade que temos em criar e juntar palavras que façam o outro olhar para nós, rir e sorrir.

A CRIATIVIDADE está para o amor como o amor está para os amantes. Um bom amante ou uma boa amante, além das características físicas e psicológicas que satisfazem a outra pessoa tem, também, q.b. de criatividade.

RECEITA para a Tarde/Noite/Madrugada de hoje, de amanhã ou de um outro dia qualquer:

Prepare os ingredientes: quarto com pouca luz e algumas velas. Escreva em 5 ou 6 papéis uma palavra que o caracteriza (ou algo que quer que ele lhe faça). Dispa-se e, antes de ele chegar do trabalho, cubra o seu corpo com um óleo de massagens comestível (comprado numa qualquer Sex Shop) e espalhe pelo seu corpo em locais estratégicos (escuso de dizer quais são. Deixo ao seu critério) os papéis. Depois, dê asas à criatividade que reside em si e deixe-o louco. Não se esqueça de que ele tem de guardar na memória o que acontecer (a avaliação só é feita dias mais tarde!). Boa sorte e seja uma boa amante!