Nos meus 21 anos há quem me considere uma mulher. Outros continuam a chamar-me menina. Os vizinhos, pessoas mais velhas, preferem chamar-me menina. Aliás, para eles, dos seus altivos 80 e 90 anos eu sou exactamente isso: uma menina.
No outro dia aprendi que não só as pessoas mais velhas me gostam de chamar de menina.
Ele chamou-me 'menina', 'menina fantástica', okey, mas 'menina'. Na altura percebi que, para ele, a diferença de 4 anos de idade e o facto de eu ser mais nova estava na razão desse adjectivo - menina. Menina por ser mais nova e, talvez por ser frágil. Menina por ser querida e não parvinha (que me confessou, antes de me dar um beijo no ombro e passar a mão dele pelo meu braço em tom de carinho). Menina ainda, por demorar tempo a despachar-me.
Hoje quando estava a ler o livro do Miguel Sousa Tavares, No teu deserto, percebi o que ele queria dizer quando me chamou menina. É quase como se lhe avivasse o espírito, como se fosse uma fonte de luz e de ar puro. É como se ele me achasse frágil, desamparada e me quisesse abraçar, me quisesse proteger. A 'menina fantástica' é a combinação perfeita da menina-mulher. Menina, pelo que já disse, com o particular acréscimo que é mulher, que sabe sê-lo e que, acima de tudo, sabe como conquistar e prender um homem. A 'menina fantástica' é a Marylin Monroe de outros tempos, com a sua cara de menina, a sua meiguice e ingenuidade num corpo de curvas de mulher.
Afinal, qual é o homem que nunca sonhou com uma Marylin Monroe?
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