terça-feira, setembro 04, 2007

Letras juntadas ao acaso ou porque assim tinha de ser. Palavras ouvidas ou que foram sentidas. Textos lidos dalí ou escritos daqui. Músicas...Pessoas..ou apenas o silêncio, eterna necessidade humana básica. Dedico-te a ti Setembro. Óh! E como és puro, como são Virgens as tuas palavras e as tuas emoções como se as dissesses e sentisses pela primeira vez. Eterno sonhador, sempre mudando e querendo ser um actor e nunca um espectador da tua própria vida. Dedico-te a ti Setembro porque sempre te dedicaste a mim.
"Tão efémeras, as cumplicidades radiosas. Encontros de pele, de ideias, de atmosferas, flutuando como nuvens para o paraíso do esquecimento. Acreditava que o sentido da minha vida estava nesses encontros, e confronto-me agora com a falta que tu me fazes. Tu roubas-me o sentido, viciei-me nesse roubo, talvez seja ainda um vício do sentido, o supremo. Nós nunca fomos cúmplices, sabíamos demais um do outro. Éramos promíscuos. Dedicávamo-nos a combater o pensamento um do outro para chegarmos à névoa humana. Traías-me, traíste-me inúmeras vezes e nunca chegavas a tocar a fímbria da traição. Diziam que eu te perdoava tudo. Como se iludiam. Nunca tive nada para te perdoar, vejo-o agora, com uma nitidez impossivel. Gostavas dessa forma de intimidade rápida que é a discórdia. Eu também. Éramos imperdoáveis, seremos imperdoáveis um do outro, cascos naufragados no negro incêndio do mar."
in "Fazes-me Falta" de Inês Pedrosa.

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