domingo, abril 26, 2009

Solteiras(os) e Enamoradas(os)

Há esta tendência. Há esta tendência para, quando as pessoas começam a namorar, estarem mais tempo com os namorados. Isto acontece, em alguns casos, mas acontece, e acontece no meu núcleo de amigos. E depois, passado algum tempo quando ele e ela acabam ou, quando ele se apercebe que não passou demasiado tempo com os amigos ultimamente e passou mais tempo com ela, há a tendência para se mudarem as rotinas. Quer-se viver tudo o que se acha que não se viveu, viver intensamente. Sair com os amigos, apanhar grandes bebedeiras e fumar umas ganzas se isso for o caso. Quer-se tempo para si próprio. É o sentimento de arrependimento por, talvez, muitos dos nossos amigos (aqueles com quem não estivémos durante algum tempo) terem este estilo de vida. Queremos o que eles vivem e sentimos, talvez, que não o temos tido. Queremos recuperar o tempo que, talvez, consideramos perdido quando, as opções que tomámos no Passado não foram em vão, como não o é qualquer escolha que fazemos.
É o quebrar de uma rotina. É o querer quebrar de umas 24 horas que já não necessitam de ser planeadas na agenda porque já se sabe, decor, o que se vai fazer. Nos últimos meses viveram-se as mesmas 24 horas todos os dias, dia após dia, hora após hora.
Não sei se é um cansaço da pessoa com quem estivémos ao nosso lado, se um cansaço de nós próprios, se um cansaço da vida que nós próprios vivemos com a pessoa que esteve ao nosso lado mas, a verdade, é que a rotina que já chamamos nossa, cansa-nos.
Recorremos aos amigos, então, àqueles que consideramos ser eternos solteiros e que, por não terem namorado ou namorada, achamos que têm todo o tempo do mundo para nós. Nós, os tais amigos solteiros, somos quase que obrigados a dar-lhes atenção e, acabam por nos atirar que temos o dever de lhes darmos atenção e que não lhes podemos dizer que não. Somos os eternos solteiros, aqueles a quem dizem que "Tu é que tens sorte. Tu é que sabes!" se não temos namorado. Esquecem-se que já foram solteiros e solteiras. Esquecem-se que, muitas vezes, choraram agarrados à almofada da cama por se sentirem sozinhos e sozinhas e, por mais amigos que tivessem, sentirem que não tinham ninguém que lhes abraçasse e lhes dissesse que os amava. Esquecem-se que tudo na vida tem dois lados, que nada é fácil, que tudo requer sucessivas batalhas e que, no Amor, mais do que dar a guerra por vencida, importa ganhar sucessivas batalhas, todos os dias. Tudo exige esforço, principalmente o esforço de conquistarmos, todos os dias, quem já está conquistado.
Apesar de considerar o Amor o valor mais importante à face da Terra, Hoje, se me perguntassem o que não queria eu responderia que não me quero apaixonar, que não me quero apaixonar por Ti, mesmo sentindo, por vezes, que estou sozinha embora rodeada por muitos. A verdade é que não me quero prender a ti e aos sonhos que a minha cabeça quer, à força, criar. Não quero sofrer. Aliás, mais do que não querer sofrer, é não querer nem me apetecer sofrer em vão. Não quero sequer acreditar que existe um Amanhã para mim e para Ti, para nós os dois juntos e, por isso, censuro todos os sonhos que a minha cabeça começa a criar. Nada é impossível, é verdade, mas não neste caso. Tenho a plena consciência que aqui não pode haver lugar para sonhos e não quero sequer lutar para mostrar que o impossível é possível... Acho que não tenho forças para tal. Basta-me a luta interior que travo, todos os dias, comigo mesma, para não me apaixonar por ti quando sinto que estou viciada. É uma batalha, na realidade. É uma batalha que exige esforços, os mesmos esforços para conquistarmos, dia após dia, aquela pessoa que está ao nosso lado, já conquistada.

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