quarta-feira, setembro 05, 2007

Toi (Corneille)

Toi, toi
Toi et non pas une autre
Que je vois, toi et cela peu importe
Que tu sois, ou pas, de ma couleur
Mais d'une autre
Ce sera toi et moi ensemble que le monde veuille ou pas
Toi, toi
Toi et non pas une autre
C'est mon choix, toi
Et cela peu importe
Que je sois, ou pas, de ta couleur
Mais d'une autre
Ce sera toi et moi ensemble
Que le monde veuille ou pas
Y en a qu'une comme toi, c'est toi

terça-feira, setembro 04, 2007

Letras juntadas ao acaso ou porque assim tinha de ser. Palavras ouvidas ou que foram sentidas. Textos lidos dalí ou escritos daqui. Músicas...Pessoas..ou apenas o silêncio, eterna necessidade humana básica. Dedico-te a ti Setembro. Óh! E como és puro, como são Virgens as tuas palavras e as tuas emoções como se as dissesses e sentisses pela primeira vez. Eterno sonhador, sempre mudando e querendo ser um actor e nunca um espectador da tua própria vida. Dedico-te a ti Setembro porque sempre te dedicaste a mim.
"Tão efémeras, as cumplicidades radiosas. Encontros de pele, de ideias, de atmosferas, flutuando como nuvens para o paraíso do esquecimento. Acreditava que o sentido da minha vida estava nesses encontros, e confronto-me agora com a falta que tu me fazes. Tu roubas-me o sentido, viciei-me nesse roubo, talvez seja ainda um vício do sentido, o supremo. Nós nunca fomos cúmplices, sabíamos demais um do outro. Éramos promíscuos. Dedicávamo-nos a combater o pensamento um do outro para chegarmos à névoa humana. Traías-me, traíste-me inúmeras vezes e nunca chegavas a tocar a fímbria da traição. Diziam que eu te perdoava tudo. Como se iludiam. Nunca tive nada para te perdoar, vejo-o agora, com uma nitidez impossivel. Gostavas dessa forma de intimidade rápida que é a discórdia. Eu também. Éramos imperdoáveis, seremos imperdoáveis um do outro, cascos naufragados no negro incêndio do mar."
in "Fazes-me Falta" de Inês Pedrosa.

segunda-feira, setembro 03, 2007

E se hoje te dissesse que te enganei? Se te dissesse que te menti quando me perguntaste se eu sentia a tua falta, se eu pensava em ti, se eu alguma vez, nem que fossem 5 minutos, tinha aberto os olhos, à noite, de um sono profundo e pensado em ti. Se te dissesse que rasguei a carta que escrevi para ti a dizer que te amava, o que farias? O que farias se te dissesse que todos aqueles telefonemas que recebias sem ninguém dizer uma única palavra eram meus? E dizer-te que estavas certo, que eu nunca amei o homem com quem vivi, que ele foi a única escapatória que eu encontrei para não ter de me cruzar contigo num dos caminhos da minha vida. Porque eu pensava que tu não me amavas o suficiente, que não me amavas como eu te amava. Porque eu pensava que era mais uma, mais uma de uma lista infinita de mulheres que tinham caido nos braços, mais uma que tu irias facilmente trocar pelas tuas "amigas". E eu não queria sofrer. Aliás, eu tinha medo, pavor, pânico de voltar a sofrer outra vez e outra e outra vez. Estava errada e hoje sei-o. Desculpa-me mas foi a solução que encontrei. Passaram 2 anos e o nosso amor, Aquele, há muito que está morto. Vivem ainda e apenas na minha memória a lembrança de alguns momentos, daqueles que eu fiz questão de me ir lembrando e não esquecer. Vivem apenas estas memórias. E hoje, quando me beijaste nada significou. Senti o mesmo vazio na alma e no coração que sentia antes de te beijar, a mesma sede por não ter água que beber, a mesma dor que há muito percorre o meu corpo. E hoje, saber que as minhas palavras e os meus actos te fizeram chorar quando eu pensava que tu não choravas; e saber que, afinal, me amaste foi o pior que me pudeste dizer, pior ainda do que me dizeres que nunca me amaste.
Tu escolheste o teu caminho e eu escolhi o meu. As nossas vidas seguiram rumos diferentes, linhas que nós traçámos de maneira diferente, porque sempre fomos diferentes. Hoje, a única coisa que nos une é sabermos que, um dia, outrora, abrimos o nosso coração um para o outro. E se tivesse de resumir tudo numa palavra e dizê-la em dois segundos, dir-te-ia apenas Amei-te.

domingo, setembro 02, 2007

Corneille

Chama-se Corneille e foi de uma músicas dele que eu retirei a frase que tenho no blog: "...et cela peut importe que tu sois, ou pas, de ma couleur mais d'une autre ce sera toi et moi ensemble que le monde veuille ou pas...". Depois dum CD de R&B/Soul em francês, Parce qu'on vient de loin, ele resolve cantar ao nosso ouvido no mesmo género, mas desta vez em inglês, em Birth of Cornelius. Back to Life e Too much of everything são duas das músicas deste novo CD, que eu acredito ser tão bom ou melhor do que o primeiro. "Love is so powerful", porque não celebrá-lo?
Kiss




"- Só tenho mais uma camisola - disse ele, quando chegámos ao quarto. - Podes ficar com ela. Amanhã compro uma para mim.
- Colocamos as roupas em cima do aquecedor. Amanhã estarão secas - respondi. - De qualquer maneira, ainda tenho a camisa que lavei ontem.
Por alguns instantes, ninguém disse nada.
Roupas. Nudez. Frio.
Ele, finalmente, tirou de dentro da pequena mala uma camisola.
- Isto dá para tu dormires - disse.
- Claro - respondi.
Apaguei a luz. No escuro, tirei a roupa molhada, estendi-a em cima do radiador e girei o botão até ao máximo.
A claridade do lampião lá fora era suficiente para que ele pudesse ver o meu vulto, saber que eu estava nua. Vesti a camisola e enfiei-me dentro da minha cama.
- Eu amo-te - ouvi-o dizer.
- Estou a aprender a amar-te - respondi.
Ele acendeu um cirgarro.
- Achas que vai chegar o momento certo? - perguntou.
Eu sabia do que é que ele estava a falar. Levantei-me e fui-me sentar na borda da cama dele.
A ponta do cigarro iluminava o rosto dele de vez em quando. Ele agarrou na minha mão e estivemos assim por uns momentos. Então, acariciei os seus cabelos.
- Não devias perguntar - respondi. - O amor não faz muitas perguntas, porque - se começamos a pensar, começamos a ter medo. É um medo inexplicável, nem adianta tentar colocá-lo em palavras. Pode ser o medo de ser desprezada, de não ser aceite, de quebrar o encanto. Parece ridículo, mas é assim. Por isso não se pergunta - faz-se. Como tu mesmo já disseste tantas vezes, correm-se os riscos.
- Eu sei. Nunca perguntei antes.
- Tu já tens o meu coração - respondi, enquanto fingia não ter ouvido as suas palavras. - Amanhã podes partir e lembraremos sempre o milagre destes dias; o amor romântico, a possibilidade, o sonho.
in "Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei" de Paulo Coelho