sábado, março 21, 2009

Se eu mandasse nas palavras

Como se eu mandasse nas palavras, pediram-me que a dor fosse um sorriso. Como se eu mandasse nas palavras, disseram-me ser louca e ser juízo. Como se eu mandasse nas palavras, falaram-me que a água era o deserto. Como se eu mandasse nas palavras, disseram-me ser o mesmo, o longe e o perto.

Palavras não são só aquilo que eu oiço. Não peçam que eu lhes ganhe ou não as sinta. Palavras são demais para o que posso. Não queiram que eu as vença ou que lhes minta.

Palavras não são só aquilo que eu oiço. Não peçam que eu lhes ganhe ou não as sinta. Palavras são demais para o que posso. Não queiram que eu as vença ou que lhes minta.

Como se eu mandasse nas palavras, quiseram que trocasse Sol por Lua. Como se eu mandasse nas palavras, disseram-me que amar que era ser tua. Como se eu mandasse nas palavras, quiseram que emendasse o que está escrito. Para quê? Se eu mandasse nas palavras, daria agora o dito por não dito.

Palavras não são só aquilo que eu oiço. Não peçam que eu lhes ganhe ou não as sinta. Palavras são demais para o que posso. Não queiram que eu as vença ou que eu lhes minta.

Palavras não são só aquilo que eu oiço. Não peçam que eu lhes ganhe ou não as sinta. Palavras são demais para o que posso. Não queiram que eu as vença ou que lhes minta…

Mariza – Se eu mandasse nas palavras

terça-feira, março 17, 2009

Fascínio

O Boss AC dizia que só precisava de 5 minutos e eu concordo. Também eu, às vezes, só preciso de 5 minutos. Mas hoje não venho falar dos 5 minutos que precisamos na vida para fazermos o que queremos. Se formos a ver, há quem precise de mais do que 5 minutos e há quem queira despender muito mais do que este tempo.
Sejam 5 minutos que é o tempo que dura a música da Madonna com o Justin Timberlake ou 10 minutos, o tempo que demoram as publicidades das estações televisivas (à excepção da Fox Life). Ou sejam, ainda, os 15 minutos, o tempo que demoramos a flutuar no Tejo entre o Cais do Sodré e Cacilhas. Quinze minutos é o tempo ideal para fazer tudo, tudo aquilo que não fizémos antes. Depois de não termos parado nos transportes públicos em lisboa: primeiro o autocarro que nos leva até ao Jardim Zoológico, depois a linha azul até à Baixa e, por fim, da Baixa ao Cais na verde. Andámos neste corrupio estonteante e se existe um momento em que todos os Portugueses têm a mesma filosofia e a mesma opinião é na utilização do Metro: por mais cheio que possa estar, por mais que se veja, de fora, que não cabe mais ninguém naquela carruagem do metro porque está tudo 'atafulhado' lá dentro, cabe sempre mais um! E, mais um, significa caber sempre aquele que quer entrar porque quer apanhar o barco das X horas para, depois conseguir apanhar o autocarro ou o metro superfície às Y e chegar a casa às Z horas, a tempo ainda de pegar no carro e ir ao Fórum Almada ou a outro sítio qualquer.
Quinze minutos é o tempo ideal para se flutuar no Tejo e se fazer tudo o que não se fez nos minutos antes da Travessia. Afinal, com a carruagem tão cheia e 'meio sardinha enlatada' nem o livro ou o jornal se podia ler... E é aqui, no barco, que entram as actividades que revitalizam o nosso fim de dia...
No barco, há quem leia o jornal. Há outros que acreditam que são naqueles 15 minutos que vão conseguir ler as últimas 10 páginas que faltam para acabar o livro que lhes segue há 1 mês nas viagens nos transportes públicos. Depois, há quem aproveite para utilizar as tecnologias: os telemóveis e os iphods. Mandam-se SMS a quem se tem de mandar, descobre-se no telemóvel aquilo que ainda não se descobriu (mesmo tendo-o comprado o mês passado), ouve-se R&B, Hip-Hop, Pop, Jazz, Rap, House e outras músicas de géneros inconclusivos. Há ainda quem aproveite para namorar e partilhar com o respectivo companheiro/a o que aconteceu de significativo no trabalho: fulana tal disse alho e cicrano disse bugalho. Mas, entre estes todos, os meus preferidos são aqueles que não fazem nada, mas que fazem tudo: olham e pensam. Aqueles que olham para a senhora que está ao lado a fazer crochet e que pensam que também gostariam de saber fazer. Aqueles que olham lá para fora, para o Tejo, para a Liberdade e pensam quando é que se têm de levantar da cadeira para irem para a porta. E, como preferido dos meus preferidos, existem aqueles como eu, que olham e pensam e escrevem mentalmente o que estão a ver. Aqueles, como eu, que criam a história daqueles 15 minutos, que os descrevem no pensamento para os escreverem mais tarde ou no dia seguinte. Estes, como eu, que gostam de observar os pormenores e pensar sobre eles, procurar a descrição ínfima, o tricotar da senhora de meia-idade com uma malha roxa cor da moda no meu lado direito, num dos bancos junto à janela, onde a rapariga da frente olha fixamente para a velocidade daquela acção. Isto tudo, enquanto o barco parou os motores e apenas flutua no Tejo e, onde, o rapaz ao lado olha para a janela e pensa que aquele é o momento exacto para se levantar e ir para a porta pois, só assim, será o 1º a sair do barco.
Para alguns, isto que disse pode não fascinar. Pode não fascinar o corrupio nos transportes públicos, a filosofia da 'sardinha enlatada' no metro de Lisboa, o tricôt roxo da senhora de meia-idade, ou até mesmo o tipo ou a cor da lã com que se tricôta a nossa vida.
A vida, por vezes, não fascina e, não fascina sobretudo, a quem não tem por hábito olhar para os pequenos aspectos fascinantes da vida que, na maioria das vezes, são aqueles que mais passam despercebidos. O fascínio está na procura em saber como determinada coisa e determinada pessoa são e isso, só se concretiza no olhar. E não estou a falar de ver. Estou a falar de olhar porque olhar, é muito mais do que simplesmente ver.

segunda-feira, março 16, 2009

O Hubba Bubba da actualidade

“A Hubba Bubba é uma pastilha elástica que surgiu nos anos 70 nos E.U.A. Esta pastilha elástica, ao contrário das outras, é menos pegajosa, daí que seja mais fácil tirar os pedaços dela que ficam na nossa pele depois de fazermos um balão. A maioria dos sabores deste tipo de pastilha elástica são à base de frutas.”

A pastilha Hubba Bubba essa nunca a provei mas o meu interesse por ela surgiu quando ouvi o nome numa música da Kelly Rowland: “I got that come back, the hubba bubba”… Resumidamente, a música dizia que os homens voltam sempre para as mulheres, mesmo depois de, algum dia, terem saído da vida delas. Segundo a música, eles voltam se nós tivermos Hubba Bubba!

O Hubba Bubba , para mim, é o fenómeno dos dias de Hoje. Tal como ela, menos pegajosa e mais fácil de tirar os pedaços que podem ficar na nossa pele, assim o são as relações amorosas do século XXI. Desprendidas do que quer que seja e de quem quer que seja, onde, caso a relação não resulte, seja fácil ‘seguir com a vida para a frente’.

Mas o fenómeno Hubba Bubba é muito mais do que isto. Na realidade, não nos podemos esquecer que, antes do nome, o Hubba Bubba é uma pastilha elástica.

O fenómeno Hubba Bubba é o que eu gosto, fácil e rapidamente de chamar ao fenómeno de retorno de alguém que já saiu da nossa vida, de retorno às origens. Tal como diz o ditado ‘um bom filho à casa retorna’. Ter Hubba Bubba é encarar as relações amorosas como um surfar na crista da onda, indo para onde a onda nos levar, independentemente do modo como estiver o mar. Ter Hubba Bubba é saber deixar os homens sairem das nossas vidas quando eles acham que o têm de fazer. É deixá-los ir, sem os prender, independentemente dos prazeres da vida que tivémos com eles. Ter Hubba Bubba é deixá-los partir e ‘seguirmos com a nossa vida para a frente’, não nos deixando levar pela tristeza e pela melancolia. Ter Hubba Bubba é saber que, tempo depois de eles sairem das nossas vidas, eles vão voltar a entrar nelas pelo seu próprio pé.

Ter Hubba Bubba  é simplesmente acreditar que ‘se os homens nos deixam e, tempo depois, nunca chegam a voltar é porque nunca os tivémos, mas que, se sairem e, no Dia Seguinte cá estiverem de novo , é porque sempre os possuímos’.

domingo, março 15, 2009

Pequenos ou Grandes? São Prazeres!

E é também a sensação daqueles dedos a preencherem o nosso vazio ao mesmo tempo que nos contorcemos de prazer que nós, mulheres, guardamos. São os beijos na barriga, nas pernas e no pescoço que, mais tarde relembramos. É o momento e o tempo na bolha onde apenas existem dois corpos e uma alma. É um momento que parece maior que a eternidade do tempo, de um tempo que não tem tempo, que não tem segundos, que não tem minutos, que não tem horas, que se chama apenas tempo.

Fazer sexo é exactamente isto. É sentirmos que não temos órgãos e que o nosso sangue corre e fervilha dentro de nós por vários caminhos, sem qualquer rumo. É saber que nada mais existe para além daquelas duas pessoas, daquela cama, daqueles gemidos, daquelas respirações ofegantes e daquelas palavras. É sentir que não estamos sozinhas e que nos sentimos preenchidas. É não pensar, mas sim prazear seja por cima, por baixo ou de quatro. É poder, no fim, ouvir dizer que se morreu para a vida e abraçá-lo enquanto ele nos prende o braço e a mão nos braços e nas mãos dele, junto ao peito, e não nos deixa fugir.

 

sábado, março 14, 2009

Passar e Ficar

São 7 horas do dia-quase-noite e é alí, na plena baixa da Cova da Piedade que a vida acontece. Pastelarias, Cafés, Lojas de roupa, Centros Comerciais, pessoas, autocarros e carros…Tudo passa por ela e é alí que a vida acontece. É alí que acontecem os segundos, os minutos, as meia horas e as horas de um lanche de final de tarde. É alí que os casais de namorados aproveitam o único momento do dia que têm juntos. É alí que as senhoras de meia-idade se reunem para combinar a próxima colecta de dinheiro para a Paróquia e é, ainda alí, que quem vive sozinho nesta vida passa o tempo, sabendo que o Tempo passa, mas sem dar conta deste tempo que passa.

São 7 horas do dia-quase-noite e a Cova da Piedade é de todos os que lá passam, mesmo daqueles que, não querendo, não têm como não lá passar. E, depois de todos lá passarem, a Cova da Piedade continua ali, até ao dia seguinte, até às 7 horas do dia-quase-noite seguinte. A Cova da Piedade continua alí, até alguém passar por ela e apreciar o tempo do Tempo que lá passa.

Pessoas que passam e locais que ficam…

Tempos que passam e momentos que ficam…

As Pessoas são como o Tempo. Passam, num segundo, num minuto, numa hora, num dia, numa semana, num mês, num ano… Passam, por vezes, sem olharmos para elas, sem vermos que estão a passar. Os locais, esses são como os momentos. Ficam sempre e duram para sempre, mesmo quando as Pessoas e o Tempo já passaram…

quarta-feira, março 11, 2009

'Descaracterizam Almada'

- Descaracterizaram Almada!

Esta foi a frase que eu ouvi hoje a caminho de casa, a propósito da construção do metro superfície na Margem Sul...
- Tiraram-nos os jardins!
E, segundo aquele grupo de senhoras de meia-idade que estavam a discutir as mudanças na Margem Sul enquanto esperavam pelo autocarro, agora, até casa, demoravam muito mais tempo. A culpa, era do metro, que 'descaracterizou' Almada e lhes tirou os Jardins!
E levar mais tempo a chegar a casa era uma problemática: porque há o jantar para fazer e o almoço do dia seguinte para preparar. 'Descaracterizaram' Almada sem aquelas senhoras saberem bem porquê...Se, como dizem, 'o metro nunca vem muito cheio, entram só algumas pessoas' não se percebe, por isso lá veio mais um motivo para terem voltado a repetir 'descaracterizam Almada' ....

A culpa? Que pergunta! A culpa foi da gente maior que quis alí aquilo. Não foram os almadenses, mas sim 'outros maiores, aqueles de interesse'! E se em Almada se perde tempo por causa do metro, que não costuma levar ninguém segundo dizem, mas que quando se tem o jantar para fazer e o almoço do dia seguinte para preparar é uma maçada, lá do outro lado do Tejo nem se fala... 'Perde-se igual tempo ou ainda mais'. Raios e curiscos que a gente maior é que lá quis fazer obras naquilo e, 'depois de concluídas, lá tiveram de as abrir outra vez porque estava tudo mal feito'. Sinceramente, há gente maior, de interesse, que 'descaracteriza' muita coisa. E depois? Depois lá se perdem os jardins e lá se demora mais tempo a ir para casa, o jantar já não está pronto às 20h (hora em que o marido se senta à mesa) e demora-se mais tempo a preparar o almoço do dia seguinte...

Depois de tudo isto, só faltou as senhoras de meia-idade dizerem que a culpa era do Governo e que o 'Sócates' é que anda a fazer mal à gente. Sim, porque o 'Sócates' era, possivelmente, uma gente maior, de interesse! Pergunto-me, o que dizer a estas senhoras e senhores que dizem que a culpa é do 'Sócates'? A verdade? De que não é o 'Sócates' que tem culpa mas que a culpa é de todos os 'Sócates' que vieram antes deste 'Sócates'?

terça-feira, março 10, 2009

Abraço

Há dias em que, mal coloco o pé fora da cama, me apetece voltar para ela e dormir. Há outros, em que me apetece estar as 24 horas fora de casa, apanhar ar, apanhar Sol, apanhar frio.
Há dias em que, quando fazemos a travessia Cais do Sodré-Cacilhas no final de tarde e início de noite de um dia de Inverno com 23ºC de máxima, nos apetece um jantar alí, em pleno Tejo azul-quase-escuro. Um jantar a dois, à luz das velas e à luz do Sol, deste Sol que teima em se esconder atrás da Liberdade. Um jantar a dois, num barco, nem que seja o barco mais minúsculo onde alguma vez estivémos. Há outros, em que nos apetece jantar sentadas no sofá, com as pernas em yoga e o prato em cima de uma almofada... Tabuleiros? Não obrigada. Dão muito trabalho de ir buscar ao armário! E a luz, essa é a económica, a que comprámos no Jumbo mais perto de nós a um preço barato e a qual exibimos orgulhamente por sermos mais um, entre muito poucos, a contribuir para que o Planeta não acabe tão depressa!
Há dias em que apetece chorar... Outros em que apetece sorrir.
E depois há estes dias, como o de Hoje. Há estes dias em que nos apetece simplesmente um abraço. Adormecer nesse abraço e acordar nesse abraço. E, se possível, no dia seguinte, levar o abraço para o trabalho para nos abraçar à hora do almoço...

segunda-feira, março 09, 2009

Apetite

Hoje apetece-me dizer o que tenho atravessado na minha garganta!
O que realmente me apetece é dizer tudo o que tenho cá dentro, tudo aquilo que sinto. Apetece-me dizer o quanto alguns homens, por mais idade que tenham da nossa, são infantis e querem viver no mundo adolescente deles. Apetece-me dizer o que tenho a dizer bem alto para ouvirem... e depois? Depois deitar-me no sofá, enrolada numa manta e ver as novelas da TVI...

domingo, março 08, 2009

As coisas

As coisas que nos acontecem na vida, acontecem sempre num determinado tempo. Por vezes queremos antecipar o tempo das coisas, noutras vezes, queremos retardar esse tempo. O tempo das coisas não é igual em todas as pessoas. Cada coisa surge em tempos diferentes em cada pessoa. Lá por a nossa amiga ter uma coisa num certo tempo da vida dela, não quer dizer que nós, que vivemos no mesmo tempo que ela, tenhamos essa mesma coisa. As coisas aparecem no tempo da nossa vida quando devem aparecer. Aparecem quando estivermos preparadas para receber essa coisa ou quando já tivermos passado por coisas-passadas que se tornam importantes para compreender essa coisa-futura. Por vezes, as coisas que aparecem aos outros podem não aparecer em nós. Para quem precisa de uma justificação do porquê de não aparecem a elas, pensem que é porque vos esperam coisas melhores...
Tomemos o exemplo da coisa que é 'ter namorado'. Lá porque todas as pessoas que nos rodeiam tenham namorado, não quer dizer que nós também tenhamos de ter. Lá porque algumas pessoas à nossa volta andem a pinar, não quer dizer que nós também o tenhamos de fazer. Há coisas que podem acontecer às outras pessoas porque é o tempo de acontecer nelas, mas não significa que tenham de acontecer em nós, não significa que tenham de nos acontecer no exacto tempo em que lhes acontece a elas. Ás vezes podemos não estar preparadas para esta coisa que é 'ter namorado' ou para estar coisa que é 'o sexo'. Não queiramos apressar certas coisas porque há coisas que não podem ser apressadas! Há coisas que acontecem quando têm de acontecer, porque têm de acontecer e a quem têm de acontecer...
Isto leva-me a pensar noutra coisa. A coisa que é 'querer que a nossa vida seja igual à vida das pessoas que nos rodeiam', que siga o mesmo padrão. Às vezes, para algumas pessoas, há um desespero: o desespero em encontrar alguém e de, quando se encontra esse alguém,o desespero em querer à força toda que esse alguém seja o salvador, que seja o alguém que andávamos à espera há muito tempo. O despero para que esse alguém seja o homem ideal, a perfeição de homem que algumas amigas têm, a pessoa com quem nós iremos viver os próximos dias da nossa vida, com quem iremos fazer as viagens românticas que sempre sonhámos, com quem iremos jantar em restaurantes românticos, com quem iremos a cafés românticos, com quem iremos a todos os sítios que têm uma ponta de romantismo. E nisto do desespero, há pessoas que têm este desespero na fase de encantamento e que vivem esta fase loucamente apaixonadas, que respiram e transpiram desespero e que têm de ir a todos estes sítios-com-ponta-de-romantismo Hoje porque Amanhã já será tarde.
Depois, existem aquelas pessoas que inspiram e expiram o desespero mas com calma. Inspiram e expiram profundamente porque 'se não formos Hoje, podemos ir Amanhã. Não haverá problema e há tempo. Há muito tempo'.
O modo como vemos as coisas que acontecem aos outros, o modo como assumimos, ou não, que também temos de ter essa coisa no mesmo tempo que a outra pessoa tem depende da nossa capacidade de 'ir com a maré'. É esta coisa de 'ir com a maré' e com o que os outros fazem, dizem ou pensam que me assusta. Assusta-me que, cada vez mais, se queira fazer, dizer ou pensar o mesmo que o outro faz, que o outro diz ou que o outro pensa. A ideia de que 'se o outro tem eu também tenho de ter' é, para mim, absurda. E mais absurdo e incompreensível é o que, por vezes, se faz para se conseguir ter a mesma coisa que o outro tem.
Esta inveja-novata das coisas que o outro tem, este 'ir com a maré' assusta-me. Assusta-me, por vezes, a falta de identidade e o tentar ao máximo adaptarmo-nos às pessoas de um grupo, tentar ser como elas para termos as coisas que elas também têm...
As pessoas não são iguais e não têm de ser iguais. As pessoas são diferentes. Têm diferentes maneiras de ser, diferentes modos de lidar com as situações. As pessoas têm diferentes padrões e modos de viver as suas vidas. Por mais que o tempo possa ser igual, as coisas da vida aparecem em tempos diferentes em cada pessoa. Aparecem quando têm de aparecer, porque têm de aparecer e a quem têm de aparecer. Não queiramos apressar ou retardar a sucessão das coisas. Não queiramos 'ir com a maré' nas várias coisas da nossa vida. Acima de tudo, sejamos capazes de ser fiéis a nós próprios e ao que somos.
Mais do que as coisas nos acontecerem é termos a capacidade de tirar proveito das coisas que nos acontecem, de aprender com essas coisas, de aproveitar cada segundo dessas coisas.
Querer, podemos sempre todos querer muitas coisas. Mas, por mais que tenhamos o que queremos, a grande diferença está em saber como saborear as coisas que temos...

sábado, março 07, 2009

21 = Solidariedade + Dignidade

Hoje a frase da Margarida Rebelo Pinto no blog dela marcou-me...
'Vivemos o amor aos 20 anos com paixão e ingenuidade, aos 30 com paixão e vontade e aos 40 com mais vontade do que qualquer outra coisa'.
Dos 30 e dos 40 anos não posso falar. Ainda lá não cheguei, mas posso falar dos 20 e mais 1 e uns quantos meses pelo qual já passei. O que a Margarida quer acabar por dizer é que, com o passar dos anos, acabamos por perder a ingenuidade que possamos ter quando estamos apaixonadas. Aquela ingenuidade que possamos ter está presente quando achamos tudo um máximo no período de encantamento. Gostamos dele porque ele é um máximo. Queremos estar com ele porque ele é um máximo. Os momentos com ele são um máximo e o sexo é um máximo. É tudo um máximo porque nunca estivemos tão maximizadas. Mentira! No início as relações são sempre todas um máximo. Ele é sempre um máximo até ao dia que vir que somos um dado adquirido. Aí, deixa de ser tão máximo. Os momentos com ele são um máximo até ao dia em que a rotina tomar conta da relação (isto porque as pessoas não entendem que Estar Apaixonado ou Numa Relação é uma profissão para toda a vida e, quando o dia-a-dia é mais forte que a vontade em inovar então aí, deixa de ser tudo tão máximo.) E o sexo? Esse pode ser o único que ainda resista à maximização porque é possível que seja o único que se torne cada vez mais um máximo.
Desde que nascemos até àquele dia em que dizemos que somos Adultos, que é aquele dia em que não dizemos, no início de uma relação, que é tudo um máximo, vamos perdendo a nossa ingenuidade. As crianças às vezes têm ingenuidade a mais. Os adolescentes variam dum estado de ingenuidade para um estado de total ausência dela. E os Adultos, esses já não a têm.
Aos 20, a Margarida diz que se vive o Amor com paixão e ingenuidade. Nos meus 21 vive-se o Amor com paixão. A ingenuidade já lá foi. Nem tudo é 'tudo um máximo'...A única coisa que é cada vez mais um máximo para alguém com 21 anos que vive cada dia e que ainda não tem medo de chegar aos 40 sozinha (sim! Porque a vontade que a Margarida fala que se tem aos 40 é a vontade de ter alguém para não se ficar sozinha!) é o Sexo!
Sexo é a palavra de ordem deste milénio. Há cada vez menos homens e cada vez mais mulheres e as que existem vão ter, cada vez mais, de repartir os homens. Na realidade, eles não traem porque querem. Eles não são cabrões. A verdade é que existem tantas mulheres e tão poucos homens que nós, mulheres, acabamos por partilhar o nosso homem com umas quantas outras mulheres. Vendo bem, a isto chama-se Solidariedade Feminina. Do ponto de vista do homem, chama-se Aumento da Dignidade Masculina... Chegará o dia em que viveremos numa Aldeia Global, onde o homem vive numa casa no meio da Aldeia e nas várias casas em redor vivem as várias mulheres com os filhos desse homem. Cada vez mais nos aproximamos das influências culturais africanas... (Que os homens não digam que a Globalização não trás as suas vantagens!)
E aí, com 40 anos ou mais, ainda acham que iremos viver o Amor com mais vontade do que qualquer outra coisa? Ou não quereremos nós procurar a ingenuidade da raça masculina,sentá-los no nosso colo e ouvi-los dizer que 'somos um máximo' ? Porque não sermos mulheres com passado que gostam de homens com futuro, como já dizia a Margarida?

As mulheres são fracas

Hoje disseram-me que 'as mulheres são fracas', mas aqui não se trata de ser o sexo feminino, porque também os homens são fracos. Aqui, trata-se de sermos seres humanos. Na verdade, o ser humano é fraco quando se trata do amor, da paixão, do sexo. Quem não gosta de se sentir amado e desejado que levante o dedo. Quem não gosta de ter alguém que lhe o corteje no período de encantamento (que antecede a rotina, a qual temos de combater, porque um relacionamento é uma profissão para toda a vida) que levante o dedo. E que levante também o dedo quem não gosta de sexo. Nem se avista o dedo mindinho!
As mulheres são fracas. Somos fracas. Somos fracas quando lhes dizemos que "temos saudades" porque não é suposto fazê-lo. Por mais que um homem goste de se sentir desejado e orgulhoso por ter uma mulher na palma da sua mão, dizer-lhes que "temos saudades" é impensável. Faz-lhes pensar que estamos louca e perdidamente apaixonadas por eles. Faz-lhes imaginar uma possível rotina, uma vida a dois, uma prisão com grades de ferro. Ter saudades deles implica que eles tenham de pensar na possibilidade de pôr fim ou 'dar um tempo' à relação que têm com as suas várias 'amigas'... (e é necessário reapreender este conceito de amiga, pois o antigo é dés modê). Por isto, somos fracas. Somos fracas por sabermos que, para além de nós, existem umas quantas 'amigas'. E, acima de tudo, somos fracas por não termos a coragem de pô-los de lado. Previlegiamos o sexo...
E seria tão mais fácil se ambas as partes abrissem o jogo. 'Eu, para além de ti, ando a foder com mais duas', 'Okey. Eu não gosto de ti, mas o sexo é bom e és-me útil para satisfazer esta minha necessidade, mas volta e meia também pino com um outro amigo eu'.
Maior abertura que esta seria pedir demais...
Os homens também são fracos. Têm a fraqueza de não conseguir resistir a uma mulher fresca, àquela que não faz parte do grupo de 'amigas'. Fresca é aquela mulher diferente, ousada; no Verão porque está muito calor cá fora e sabe bem comer algo fresco; e no Inverno porque está muito frio cá fora e há aquele misto de frescura com a sensação de quente quando os nossos dentes, que tão sensíveis são, comem algo. Fresca significa nova. O peixe quer-se fresco. A fruta quer-se fresca. E, por ser fresca, nova, é sempre mais cara, pode demorar mais tempo a encontrar e a comprá-la, mas também tem mais qualidade... E, quado se trata de gerir o seu dinheiro, se o investimento for promissor, eles não desistem, a não ser que as mulheres lhes digam, ainda na primeira ronda do jogo de encantamento e sedução 'Estou a começar a gostar de ti...'. Então aí? Aí desistem porque nos tomam como um dado adquirido. Aí, são fracos!
Eu, era fraca. Hoje, deixei de o ser. Que tal virar o sentido do jogo?

quinta-feira, março 05, 2009

A journey to my past...

In memory of the old times...

Pânico...

Pânico deste dia!
Pânico de não ter podido dormir mais de manhã...
Pânico da chuva e do mau tempo..
Pânico de ter tido de tomar o pequeno-almoço no autocarro...
Pânico do vento da Pontinha
Pânico das horas que fiquei sem comer...
Pânico de ter almoçado às 6 da tarde...
Pânico da ideia de que o estágio vai começar e é o último enquanto estudante...
Pânico da ideia de pensar na palavra pânico..
Pânico se vou ter de me despedir de alguém que se vai embora...
Pânico de quem não me responde...
Pânico que ainda tenho de ir tomar banho...
Pânico se vou dormir poucas horas porque amanhã tenho de acordar às 6 da manhã...
Pânico se é meia-noite e ainda aqui estou...
Pânico...Pânico...

segunda-feira, março 02, 2009

domingo, março 01, 2009

Rosas...? brancas ou vermelhas?

Não me quero prender. Não me quero prender a ti. Não me quero prender porque tenho medo de sofrer. Esta é a grande razão. Esta é a razão pela qual nego os nomes que te atribuem, que atribuem à minha relação contigo. Não aceito que digam que és meu amigo porque não me quero prender. Não aceito que digam que és mais do que meu amigo porque não me quero prender. Não quero sequer aceitar e acreditar que temos uma relação porque não me quero prender, porque não quero sofrer. Tenho medo. Tenho medo que, apesar de seres uma outra pessoa e de eu já não ser a mesma que era há uns tempos e de ter aprendido com os meus erros, que sofra como já sofri. Tenho medo... mas é por ter medo que vou deixando acontecer, fazendo com que aconteça...
E talvez saiba que vou acabar por me prender a ti, porque já começo a ficar, embora insista e lute comigo mesma para não o fazer. Talvez saiba que vou acabar por sofrer por me ter prendido demais. As pessoas à minha volta, essas acredito que estejam convictas de que nada do que tem acontecido tem futuro e eu tenho medo que elas estejam certas. Tenho medo de que isto não passe do que é. Mas se me perguntarem o que eu quero, bem lá no fundo, aí vou ter de responder que queria que isto fosse muito mais do que é, que fosse para além do que é e que eu pudesse, daqui a um tempo pequeno, poder sorrir e não sofrer...Afinal, sorrir não é o que todos nós queremos e procuramos?

Mais importante do que viver a nossa vida, é viver a nossa vida segundo os nossos padrões e não segundo os padrões de vida dos outros. E tão importante como isto, é não ensinar aos outros os nossos padrões de vida para eles viverem a vida deles...